25 de abril de 2011

Os últimos dias...

Tem sido cansativo. Não sei bem porquê, acordo sempre cansado. Quer as horas de sono tenham sido em demasia ou em carência, quer a chegada tenha sido no princípio da noite ou já a meio da madrugada, sei que acordo com sensação de querer continuar a dormir. Sei bem que isso não é bom, faz de mim demasiado preguiçoso e do meu corpo mais fraco, frágil e mais facilmente quebrável aos esforços quotidianos.
Estar de férias é bom, mas não tão bom como outros últimos dias, últimos dias mais primeiros, mais tardios nesta minha história.
O mais secundário deles foi o dia do meu aniversário pois, graças ao que me conferenciaram dias antes, saberia que dessa data a uma semana algo bom estaria para suceder. A sete dias de distância do dia que consta ser a minha data de nascimento, veio a minha oportunidade de chegar a casa das aulas, arrumar o quarto, limpar o quarto, carregar a bateria do telemóvel, tomar banho, preparar sandes, sumo compal light manga maracujá, fruta e duas garrafas de água, vestir umas calças azuis escuras que viriam a combinar com a t-shirt da mesma cor, a qual se sobreporia aquela camisola, ver o que estava a ser esquecido, contar o tempo, andar de um lado para o outro do quarto, pegar nas chaves do carro, entrar nele, e concentrar-me na condução até ao aeroporto.
Chegado ao aeroporto, houve a ínfima surpresa da espera habitual de mais de uma hora se ter reduzido para algo idêntico a uns 20 minutos. A maior surpresa era já alguém esperado a ver passar na porta de chegada ao aeroporto, numa alegria que se começou a construir pela própria espera, pela certa ansiedade e nervosismo que esta fez sentir, pela concentração de tentar encontrar esta tão amada pessoa de mim por entre os bandos de gente que se mostrava na porta de saída minuto sim, minuto não, pela esperança de que ela reparasse que a camisola vestida em mim para além de sua teria sido oferecida por ela, pela vontade de ouvir o que já tinha ouvido o que ouvi numa chegada em tempos mais natalícios, pelo desejo de sentir o que ouvi no nosso último encontro naquele aeroporto.
Ela chegou. O aeroporto podia cair, de certeza que eu não reparava. Em mim, só havia eu mesmo e o que a adorada que meus olhos viam. Por momentos, breves ou não, que nem sei que quantidade de tempo se passou nesses instantes. Ali, tudo esteve bem, desde a mau dada ao beijo desejosamente oferecido, e assim se continuou pelos próximos sete dias.

Estes sete dias foram também os sete dias da queima de Vila Real. Neles houve de tudo o necessário para estas ocasiões festivas. Álcool de várias formas, jantares, excessos, dança (embora este não deve ser relacionado comigo), risadas, alegria, água (lembrando o rio Corgo na tarde do Cortejo), Quim Barreiros, dj's xungas.
Nada disto teria sido minimamente bom, mas foi fantástico graças aquela presença ao meu lado, graças a ti, minha namorada.

Talvez por isto, pela companhia que tinha eu me alienava um pouco dos problemas dos outros e dos meus, e até queria fazer mais, andar mais, pensar menos e estar mais presente e consciente para ela. Acho que posso dizer que, embora de férias, tenho saudades destes dias, pelo que de bom eles me fizeram sentir, que não tem nada, mesmo nada, a ver com ontem, anteontem, ou esta semana toda.

Os últimos dias cansaram-me e cansam-me. Cansa-me ter de ouvir o que preciso fazer como se julgassem que não percebo o que dizem, cansa-me ouvir opiniões políticas que me dão vontade de me revoltar, em contraste com outras, logo seguintes, que me deixam sem querer saber de ver um país a arder. Cansa-me ter de ser culpado do que acontece, cansa-me dizerem-me que só faço as coisas mal, que não trabalho nem penso em trabalhar, que só penso em passear e fazer prejuízos, o que por vezes me leva a pensar que sou tomado por drogado ou meio-psicopata.
Custa, mas já cansa estar de férias e ouvir dizer que passo a vida nisso.

Por isso, sim, a próxima semana vai ser diferente. Vou estudar mais (tem de ser, que esta semana não me deu para fazer isso convenientemente), não ligar para a televisão a não ser em horas de jogo de futebol, pois, convenha-se, o desporto e arte são as únicas coisas realmente boas a saírem da famosa caixa mágica, não vale tanto assim estar informado sobre este país de cravos murchos, secos, pobres de tudo o que é valor.
Vale mais fazer uso das pernas e correr, usar os braços e puxar, matar a cabeça e ter ideias, para seguir o meu próprio caminho em direcção a uma felicidade e bem-estar mais pertos (ou, ainda se possível, mais além) daquela semana toda, daqueles dias, daquela noite do aeroporto...

Tenho saudade dos últimos dias... Destes, não de todos, só dos primeiros...